O bolo pode ter todos os ingredientes necessários (ovos, farinha de trigo, fermento, açúcar, manteiga, recheio a gosto, etc), mas se não tiver em proporções adequadas, ele se torna inchado, se torna um bolo totalmente solado. Assim como um pastor (ou um bispo, ou um reverendo) pode ter uma ótima eloquência, uma boa aparência, conhecimento acadêmico, sendo bastante popular , benquisto, amando dar o melhor close nos holofotes ao seu derredor; e se vangloriando constantemente em ter uma cobertura aparentemente bem farta de legalismo, cumprimento rígido da doutrina--sem ter o imprescindível verdadeiro amor pelas almas que caminham a passos galopantes para o inferno!
Mas a sua fama, a sua posição, a sua aparência, e a sua extrema pérfida maligna soberba é muito mais importante do que a compaixão pelas almas...Ele continua atuando, pregando, participando de congressos, encontros, seminários; escrevendo livros, dando entrevistas; usando o disfarce de bom pastor de ovelhas; arregimentando aplausos, anuências, seguidores....
O lobo devorador, sem nenhuma unção do Espírito Santo, continua atuando, representando, abocanhando avidamente as suas ovelhas; e as desviando, sem nenhum temor a Deus, do caminho da Vida.
'' E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia,
E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto:Preparai o caminho do Senhor,Endireitai as suas veredas.
E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.
Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;
E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.
E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo''.
(MATEUS 3:1-10-grifos meus)
PROCURA-SE: UM PROFETA PARA PREGAR AOS PREGADORES
Tentar fazer uma avaliação de João Batista pelos modernos padrões de
espiritualidade seria o mesmo que tentar medir o sol com uma fita métrica. No
Jordão, a multidão ansiosa indagou a respeito do recém-nascido:
— Que virá a
ser, pois, este menino?
E a resposta foi:
— Ele será grande diante do
Senhor.
Hoje em dia, a palavra “grande” se acha muito desgastada, pois
confundimos proeminência com importância. Naquela época, Deus não estava à
procura de sacerdotes, nem de pregadores, mas de homens. E havia muitos homens,
como hoje, mas eram todos “pequenos” demais. Ele precisava de um grande homem
para uma grande missão.
João Batista possuía pelo
menos um atributo que o qualificava para o sacerdócio, mas tinha todos os
requisitos necessários para tornar-se um profeta. Antes de sua vinda, o povo
vivera quatrocentos anos de trevas, sem um raio da luz profética; quatrocentos
anos de silêncio, em que não se ouvira o brado: “Assim diz o Senhor”;
quatrocentos anos de uma constante deterioração espiritual. E assim Israel, a
nação escolhida por Deus, estava imersa em holocaustos, cerimônias e
circuncisões, fazendo expiação com rios de sangue de animais, e tendo por
mediador uma classe sacerdotal rica e saciada.
Mas o que um exército de
sacerdotes não conseguiu fazer em quatrocentos anos, foi feito em seis meses por
um homem “enviado por Deus”, moldado por Deus, cheio de Deus e incendiado por
Deus, João Batista.
Concordo com E. M. Bounds quando diz que Deus leva vinte
anos para formar um pregador. A preparação de João foi feita na divina
Universidade do Silêncio. Deus matricula nela todos os seus grandes homens.
Embora Cristo tenha feito sua interpelação a Paulo — um fariseu orgulhoso,
legalista, de intelecto privilegiado e linhagem invejável — na estrada de
Damasco, ele precisou passar três anos na Arábia para se esvaziar de tudo isso,
e desaprender o que aprendera, para que finalmente pudesse afirmar: “Deus
revelou-se em mim”. Deus pode preencher num minuto o que nós levamos anos para
esvaziar. Aleluia!
Jesus disse: “Ide”, mas também ordenou: “Permanecei...
até que”. Aquele que resolver passar uma semana fechado num aposento, a pão e
água, sem nenhuma leitura a não ser a Bíblia, sem companhia alguma a não ser a
do Espírito Santo, ou sofrerá um colapso nervoso ou terá tal experiência com
Deus que sua vida e ministério serão revolucionados. Depois disso, como Paulo,
ele será conhecido no inferno.
João Batista ficou na divina Escola do
Silêncio, o deserto, até o dia em que se manifestou ao povo. E quem poderia
estar mais bem preparado para aquela tarefa de despertar de seu sono carnal
aquela nação entorpecida, do que aquele profeta queimado de sol, batizado com o
fogo e moldado no deserto, e enviado por Deus? Nos olhos, ele trazia a luz de
Deus, na voz a autoridade divina e na alma o mesmo ardor de Deus. Quem —
pergunto eu — poderia ser maior do que João? É verdade que ele “não fez nenhum
sinal”, isto é, não ressuscitou nenhum morto. Mas fez muito mais: ergueu uma
nação morta.
E esse profeta vestido de couro, com um ministério de curta
duração, era tão ardoroso e sua luz tinha tal brilho, que os que ouviam suas
mensagens fervorosas, candentes, iam para casa e passavam noites insones até que
sua alma se quebrantava em arrependimento. Entretanto, tinha uma doutrina
diferente: sem holocaustos, sem cerimônias, sem circuncisão; tinha uma dieta
estranha: sem vinhos, nem banquetes; tinha roupas estranhas: sem filactérios,
nem vestes farisaicas.
É verdade, mas João era grande! As grandes águias
voam sozinhas; os leões maiores caçam sozinhos; as almas grandiosas vivem
sozinhas, a sós com Deus. É muito difícil suportar tal solidão; é impossível
apreciá-la, a não ser acompanhado de Deus. Realmente João conseguiu ser grande.
Ele foi grande em três aspectos: grande na sua fidelidade ao Pai (preparou-se
durante tanto tempo para pregar por tão curto período); grande em sua submissão
ao Espírito (andava ou parava de acordo com as orientações dele); grande nas
afirmações que fez sobre o Filho (apontando Jesus como “o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo”, apesar de não ter-se avistado com ele
antes).
João era uma “Voz”. A maioria dos pregadores não passa de ecos,
pois, se prestarmos bem atenção, saberemos dizer quais os livros que andaram
lendo, e notaremos que citaram muito pouco do Livro. E hoje, só uma Voz, voz de
um profeta enviado do céu para pregar aos pregadores, conseguiria despertar o
coração dos homens. Só quem tem coração quebrantado é capaz de levar outros ao
quebrantamento. Irmãos, nós temos equipamentos, mas não temos poder; temos ação,
mas não unção; barulho, mas não avivamento. Somos dogmáticos, mas não
dinâmicos!
Todas as eras têm iniciado com fogo, e todas as vidas, sejam
de pregadores ou de prostitutas, vão findar em fogo — o fogo do juízo para
alguns, o fogo do inferno para outros. Wesley diz o seguinte em um de seus
hinos:
“Salvemos as almas do fogo do inferno,
aliviando-lhes
o tormento com o sangue de Cristo”.
Irmãos, temos só uma missão:
salvar almas, e, no entanto, elas estão perecendo. Pensemos nisso! Existem
milhões, centenas de milhões, talvez milhares de milhões de almas eternas que
precisam de Cristo. E sem a vida eterna elas irão perecer. Ah, que vergonha para
nós, que horror, que tragédia! “Cristo não desejava que ninguém se perdesse”.
Irmãos pregadores, hoje há milhões e milhões de pessoas seguindo para o fogo do
inferno, porque nós perdemos o fogo do Espírito!
Esta geração de
pregadores é responsável pela atual geração de pecadores. Diante das portas de
nossas igrejas passam todos os dias milhares de pessoas que não foram salvas
porque ninguém lhes pregou, e ninguém lhes pregou porque ninguém as amou. Dou
graças a Deus pelo grande trabalho que é realizado nos países estrangeiros.
Contudo é muito estranho que aparentemente tenhamos maior preocupação por
aqueles que se encontram do outro lado do mundo, do que com os que moram do
outro lado da rua. Apesar de todas as nossas campanhas e nosso evangelismo de
massas, o número dos que são salvos se limita a centenas, enquanto que, se cair
uma bomba atômica por aqui, irão aos milhares para o inferno.
Não tem
fundamento a afirmação feita por alguns de que a pecaminosidade atual não tem
paralelo em outra época da História. Jesus disse o seguinte: “Assim como foi nos
dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem”. A descrição de como foi
nos dias de Noé encontra-se em Gênesis 6.5: “Viu o Senhor que a maldade do homem
se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu
coração”. Então o mal era total, “todo o desígnio”; era contínuo, “continuamente
mau”. Era assim, e assim é. Hoje o pecado está recebendo uma fachada de
embelezamento, está sendo popularizado, entrando por nossos ouvidos através dos
rádios, pelos nossos olhos através da televisão e das capas de revistas. Os
membros de igreja se acham saturados das pregações e cansados dos ensinos que
ouvem, e estão saindo dos cultos da mesma forma como entram — sem visão e sem
fervor algum. Ó Deus, envia para esta geração dez mil João Batistas para
arrancar os curativos que os moralistas e políticos colocaram sobre o pecado das
nações!
Assim como Moisés não pôde deixar de notar a sarça que ardia,
assim também ninguém vai-se enganar quando vir um homem em chamas. Deus vence um
fogo com outro fogo. Quanto mais fogo houver nos púlpitos, menos pessoas haverá
no fogo do inferno.
João Batista foi um homem diferente com uma mensagem
diferente. Assim como o réu acusado de assassinato empalidece ao ouvir o juiz
pronunciar a sentença: “Culpado!” assim também aquele povo ouviu João clamar:
“Arrependei-vos!” E esse clamor ecoou nos recessos de sua mente, despertando
lembranças, fazendo pesar a consciência e levando-os a buscar o batismo,
dominados pelo terror. E após o Pentecostes, a pregação de Pedro, que acabara de
receber o batismo de fogo do Espírito, abalou os ouvintes de tal modo que eles
clamaram: “Que faremos, irmãos?”
Imaginemos que alguém lhes respondesse:
“Assine este cartão de membro! Passe a freqüentar esta igreja regularmente. Dê
sempre os dízimos”.
Não! Mil vezes não!
Inspirado pela unção do
Espírito, João dizia: “Arrependei-vos!” E eles se arrependeram. Mas arrepender
não é simplesmente derramar algumas lágrimas no altar. Também não é ter remorso,
nem emoção, nem passar por uma reforma pessoal. Arrepender-se é mudar de idéia
com relação a Deus, ao pecado e ao inferno!
As duas maiores forças da
natureza são o vento e o fogo, e as duas se uniram no dia de Pentecostes. E
aquele abençoado grupo reunido no cenáculo, como o vento e o fogo, se tornou
irresistível, incontrolável e imprevisível. E o fogo que ardia neles extinguiu a
violência do fogo; dele saíram chamas missionárias, centelhas que incendiaram o
coração de mártires, e atearam o fogo do avivamento.
Há cerca de duzentos
anos atrás Carlos Wesley cantava:
“Ah, que o fogo sagrado possa
começar a arder em mim.
E queime a escória dos desejos vis
E
faça os montes ruir”.
E o Dr. Hatch levantou o seguinte
clamor:
“Sopra em mim, fôlego divino,
Até que me torne
inteiramente teu.
Até que o que há de terreno em mim
Arda
com o fogo dos céus”.
O fogo do Espírito Santo destrói, purifica,
aquece, atrai e enche de poder.
Existem alguns crentes que não sabem precisar
a data em que foram salvos. Mas ainda não conheci ninguém que tenha sido
batizado com o Espírito Santo e com fogo que não saiba dizer o momento em que
isso aconteceu. São esses homens que abalam os povos e os conquistam para Deus,
como Wesley, que nasceu do Espírito, foi cheio do Espírito e viveu sempre no
Espírito.
Os automóveis só rodam depois que recebem a centelha da
ignição; as pessoas que não se movem nem se comovem são as que não receberam
ainda o fogo.
Amados irmãos, a Bíblia fala de uma sentença mais pesada para
os pregadores. Para eles haverá “maior juízo” (Tg 3.1). Pode ser até que quando
eles estiverem perante o trono do julgamento divino, os pecadores lhes
digam:
“Pregador, se o senhor tivesse o fogo do Espírito, eu agora não
estaria indo para o fogo do inferno”.
Como Wesley, eu também creio
que os crentes precisam experimentar o arrependimento. A promessa do Pai é para
você. Então agora, onde quer que esteja, numa missão no estrangeiro, numa casa
rica e confortável ou num gabinete pastoral, se estiver sentindo-se quebrantado,
pronto a render as armas, ajoelhe-se e faça suas as palavras da seguinte
oração:
“Manda, Senhor, o fogo,
Para fortalecer meu
coração,
E eu viva para salvar o mundo que está
perecendo.
Em teu altar agora deposito
Minha vida, meu
ser;
Em sinal de aceitação dessa minha oferta,
peço-te,
Envia sobre ela o fogo divino!”
— F. de L.
Booth-Tucker.
Hoje temos uma igreja fria, num mundo frio, porque os
pregadores são frios. Manda teu fogo, Senhor!
(Extraído do Livro: ''Por que tarda o pleno Avivamento?''- Leonard Ravenhill-p. 99,100, 101, 102, 103, 104 e 105)